segunda-feira, 2 de março de 2009

O aguçado olfato do coração


Todos tinham saído mais cedo da faculdade. Era uma sexta-feira depois de um feriado. O vazio tomava conta dos corredores e salas. A aula acabou antes do previsto e até as professoras daquela noite decidiram realizar a segunda parte da lição no barzinho que era quase um anexo da faculdade (vamos lá, toda faculdade tem um).

Todos sentados quase no meio da rua por causa do calorão que fazia dentro do estabelecimento.
- Desce uma cerveja, duas, três. – um gritou.
- Traz uma Coca-Cola Light para a E.T. que está fazendo dieta (isso é coisa de gente estranha!). – pediram.

A conversa não pára. Bocas inquietas falando das vidas próprias e das vidas alheias, é claro! Todos os assuntos são permitidos, menos aulas ou trabalho.

Uma delas, no entanto, estava calada. Muda. Olhar perdido. A lua parecia reger aqueles pensamentos. Alguém perturba essa alma forasteira:

- Ela está apaixonada! Não tá, menina?! Só pode ser isso pra ficar com essa cara!

E ela, meio sem entender nada, volta-se para o grupo. Era agora o centro das atenções e todos esperavam ansiosos pela iminente resposta.

Ela tentou desconversar... Em vão. Agora já queriam saber até quem era.
A resposta:
- Tô? Acho que não!

Uma amiga mais próxima tentou resolver a agonia...
- Tá, sim! Mas nem ela sabe!

(Espanto geral)

Uma das professoras, experiente no campo das relações interpessoais, propõe um teste para saber se a garota estava ou não apaixonada! Ela faria apenas uma pergunta e teriam o diagnóstico final. Desafio aceito. A mestra lança:
- Quando você está em casa, longe dele, continua sentindo seu cheiro?

O mundo caiu. Apenas assentiu com a cabeça fazendo que sim num gesto tímido.
Ela estava mesmo APAIXONADA! ♥

Acabou o mistério e aos poucos cada um foi deixando sua parte da conta e partindo.
Assim acabou mais uma sexta-feira. Não para ela que chegou em casa, deitou em seu travesseiro e não parou de sentir o cheiro dele.


11 comentários:

Anônimo disse...

E Mai amei!!! Tow me sentindo assim!!!!bjusss

Anônimo disse...

Ai meu Deus!!!

Esse cheirinho bom que não some!!! Dá vontade de ficar pendurada no pescoço! rsrsr

Tá apaixonada, prima??

Acho que não precisa responder!!!

Só para variar um pouquinho, ADOREI o texto!!

Bjoooo

Dani disse...

Eita, eita, eita... rsrs

Sucesso moça linda!

Adoro seus textos ficcionais! Ou é realidade?? rsrs

Tudo bem, deixa pra lá...

Muito bacana mesmo!

Claudia disse...

Feliz por você.

Unknown disse...

rsrsrs, conheço, sim, essa história! teste infalivel! e texto massa de ler!
bj mô bem.

Unknown disse...

Estou suspirandooo D. Maiara...rsrs
Não da msmo pra esconder...os rostos denunciam..os olhos brilham numa intensidade fora do comum...a "lerdeza" fica evidente, os olhares perdidos! Mas a sensação de "borboletas no estômago" é impagável!

Lindo demais Fofíssima!
Felicidades!!!
Viva viva viva!

Unknown disse...

uhauhauauh!!!
massa!!!
gostei!!!

hummmmm...
coisa boa!!
sorte pra ti linda!!
bjuuuuu!!!

Rúbia Adorno disse...

E o pior que o tempo passar vc n tem exatamente o cheiro e vc continua sentido ele onde vc menos espera...
Mas eu vou contar um segredo , eu tenho "o cheiro" dentro de um pote rssss pq mesmo quando o cheiro n vem, mas a saudade vem eu vou lá cheirar.. bj

Anônimo disse...

Já imaginei o cenário: o anexo cheio de gente, a mesa lotada, os espetinhos chegando. Putz, nunca pensei que ia sentir tanta saudade! Seu texto me transportou no tempo, Mai! Cada dia melhor! Bjs!!!

Abdinho disse...

Quando vc me enviou esse texto eu logo pensei na resposta, em forma de conto, e não li senão o título para nao me influenciar. Em algum lugar e de alguma forma esta história é real.

O som do amor

O carro em que estava o casal Maria Beatriz, grávida de pouco mais de oito meses, e Benedito Bittencourt sofre um acidente na rodovia BR- 415 no km 3 na volta de Ilhéus, vitimando fatalmente o marido e deixando a mulher em estado de coma, felizmente o bebe foi tirado com vida e passa bem, cujo nome é João.

- Mas porque João, Mabi? Não tem ninguém na família com esse nome.
- nem na minha, minha sogra, nem na minha.
- eu escolhi por causa do seu significado.
- Não é por causa de João Batista não, não é minha filha?
- Não mainha, é pelo Evangelista. Significa o Amado de Deus!
- Escolheu um lindo nome, Amor!
- uma mãe ama tanto o filho que quer dar sempre o melhor pra ele. E o que pode ter de melhor para dar pro filho do que o amor maior do que o de mãe? Assim, quando eu faltar ele ainda vai ser o amado de Deus, que é eterno.
- É minha filha, mas uma mãe é para cem filhos, mas cem folhos não é para uma mãe!
- Já vou mainha. A bença mainha!
-Deus te abençoe minha filha e ao netinho também.

_ Sua mãe é gente boa, mas êta lugarzinho longe que ela foi arrumar pra morar.
- Não chicane não que eu nasci lá viu.
- Não to chicanando não, mas vamos combinar que oito horas de viagem é pau!
- Oxi meu nego, tá cansado, tá? Olhe se não tivesse marcado o último pré-natal pra amanhã a gente tinha se aconchegado num cantinho da casa de mainha mesmo.

- É a senhora que é a mãe da vítima?
- Sou eu sim douto! Como é que ta minha filha e meu neto?
- Seu neto nasceu de cesariana e ta na incubadora para ganhar peso, mas passa bem. Mas a filha da senhora já chegou inconsciente ao hospital e entrou em coma após o parto.
- Mas ela vai ficar boa, não é doutô?
- Olha a gente não pode afirmar isso agora, mas o quadro dela é estável e em breve ela vai para o leito semi-intensivo aonde será alimentada por sonda. Agora é rezar e esperar.

- Mabi, o médico falou que você pode ouvir, então eu vim te contar que Joãozinho já trocou as primeiras passadas e logo vou trazer ele aqui pra falar com você.

- Olha quem veio te visitar! Diga um oi pra sua mãe.
- Oi mamãe.
- Viu só, de hoje em diante vou trazer ele pra vim alar com você, viu.

- Voinha posso contar uma história pra mainha?
- Pode. Que história cê qué contá?
- A de Cande.
- Mas ela vai ficar com medo!
- Não vai não, a história é bonita.
- Então vá, conte.
- “Que noite bonita, cavalo e veleiro, moça rio de lágrima ô moça tenha medo. Se eu tivesse medo eu não vinha cá. Ô Cande caminhe pra lá...”

- Mainha, tem uma menina bonita, loira, na minha escola que só fica olhando pra mim. Vô chamá ela pra namorá, qué a senhora acha?
- Também acho, não vou da mole não, não tenho nada a perdê né mesmo?

- Mainha passei no vestibular pra fonoaudiologia, né legal?
- Ano que vem faço dezoito anos e o que mais queria era ouvir a sua voz pelo menos uma vez.

- A filha da senhora saiu do coma por um milagre depois de dezoito anos. Mas é normal que ela fique confusa e não reconheça ninguém por um tempo.
- Mas eu tenho certeza que ela vai reconhecer o filho dela!
- É impossível, ela nunca o viu!
- Nada é impossível pra o coração de mãe.

- Mabi, olha quem tá aqui, sabe quem é ele?
Então ela olha fixamente o rapaz em sua frente se reconhecê-lo de fato, mas quando ela fecha os olhos ele diz:
- Oi!
- É João, João meu filho, João o amado de Deus. Meu filho...
- Meu filho, Deus te ama tanto que me despertou deste sono profundo só pra ouvir da minha boca que sua mãe te ama muito.

Mulher desperta do coma após dezoito anos reconhece, pela voz, o filho que não vira nascer. O milagre no qual o que os olhos não vêem o coração sente.

Mariana Senna disse...

Oi amiga,

adorei o conto, é real? Estou precisando me sentir como agarota...rsrrs. Seu blog é lindo e caprichoso, aliás como tudo q vc põe a mão, pena n ter conhecido antes. Garta por ter visitado o meu!!! Só senti falta de algo em espanhol...

Bjussssssss